segunda-feira, 30 de novembro de 2009
JORNAL "O DIA" - DOIS POEMAS DE CHICO MIGUEL
A BELA E A FERA
Francisco Miguel de Moura
Minha santa de outrora era uma data
loura, de olhos azuis, dos meus anseios,
róseos os lábios, túmidos os seios,
boca cheirando a lua e serenata.
E em corpo e alma, a bela, a insensata,
de olho no sexo, em danças e rodeios,
iluminava os céus com seus meneios,
festa no coração, riso em cascata.
Hoje, minha alegria se destrata,
o calendário se transforma em fel,
não quero mais saber daquela ingrata.
Meu futuro é fumaça e tem venenos...
Sem mais tempo, esvazio o meu tonel,
que um dia a mais é sempre um dia a menos.
TERNURA MIÚDA
Francisco Miguel de Moura
Pelas coisas serenas me contenho
se ternamente nasçam da vontade,
do amor e do carinho, da bondade
daquilo que mais prezo e pouco tenho.
Venham doces carícias pelo vento,
beijar-me a sutil nuca que me impele
a estremecer e subir do imo à pele,
e bem voar pelo espaço em movimento.
Os pequeninos vidros mais perfume
têm – que a filosofia não resume,
pois lhe falta ternura e tentação.
Nas invisíveis coisas me retiro,
nelas canto e me encanto e mais suspiro...
Todo o meu corpo é todo um coração.
Coluna literária "Letras e Escritores", jornal "O Dia", 28/11/ 2009, publicou estes 2 sonetos de Francisco Miguel de Moura
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*Francisco Miguel de Moura, escritor brasileiro, com mais de 30 livros publicados, mora em Teresina, Piauí.
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