sábado, 1 de janeiro de 2011

País dos absurdos

Quando Collor de Mello renunciou ao cargo de Presidente da República, em 1992, para escapar do impeachment, muitos brasileiros achavam que ele estaria politicamente acabado. Apesar de nunca ter atingido, durante seu mandato, índices superiores a 36% de aprovação, ele ressurge como Senador eleito por Alagoas.

Hoje, Lula encera dois mandatos com mais de 80% de aprovação e há quem acredite que acabou para ele. Poderíamos até arriscar e dizer que se chegou ao fim do ciclo do populismo de direita (Collor) ou de esquerda (Lula), mas nem isso seria seguro afirmar na tão nova e frágil democracia brasileira.

O que não mudou no Brasil foi o comportamento do brasileiro quanto a sua politização. O brasileiro precisa entender que gostar de política é fundamental, pois do contrário continuará sendo governado por maus políticos ou facilmente manobrado pela imprensa, que longe de informar apenas forma leitores ingênuos. Não adianta colocar a culpa no nível social, na falta de educação, nos nordestinos ou outros "bodes". Consciência política não se adquire em bancos de escola ou quando se passa para classe "A" da sociedade, ou, pior ainda, se for sulista.

O brasileiro é muito partidário, mas partidário dos seus interesses individuais e egoísticos. Não conseguimos compreender ainda o coletivo. É preciso, por isso, muito cuidado com a informação. Para ilustrar podemos lembrar um caso, que não é o único, do massacre político que sofreu o então ex-presidente da Câmara dos Deputados, Ibsen Pinheiro, em 1993, acusado injustamente de participar da máfia dos anões do orçamento. A imprensa livre, mas não tão imparcial como se propaga, colaborou com o episódio.

O que dizer da reportagem da VEJA, edição 2.197, ano 43, nº 52, de 29 de dezembro de 2010 ao se expressar da seguinte maneira da autoridade máxima do país: " O presidente brasileiro ficou na ponta dos pés na sacada da embaixada brasileira em Lima na tentativa de enxergar a China do outro lado do "Atlântico", que logo lhe informaram ser o "Pacífico", oceano que separa a Ásia, onde fica a pátria de Hu Jintao, da costa oeste das Américas." (fl.266).

Ainda que esse fato tenha ocorrido, não é isso que gostaria que o leitor percebesse. O que podemos ver na reportagem não é simplesmente o relato de um fato, como deveria agir a imprensa, mas a tentativa de denegrir a imagem de um político que contraria seus interesses. Mas qual presidente não contrariou interesses? Sarney, Collor, Itamar, FHC? Com Lula seria diferente? A falta de respeito prossegue em toda a reportagem. Boa parte da imprensa tornou-se panfletária, sem credibilidade, a serviço de interesses e fora dos padrões éticos exigidos em qualquer profissão.

Analisar o desempenho político de um presidente no Brasil não é fácil. Requer mais do que ler alguns artigos cheios de ódio e interesses mesquinhos de alguns donos da palavra, que acham que podem sair dizendo qualquer asneira, pois estão protegidos pela "liberdade da imprensa" e com isso formar a consciência do povo brasileiro.
_______
Autor: Fco. Miguel de Moura Jr.

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...