segunda-feira, 31 de outubro de 2011

NO PAÍS DE OLGA SAVARY

CARTAS E POESIAS              


1

Rio, 15/8/2011

Caro e Admirado Poeta  Francisco Miguel de Moura,

Com alegria,  agradeço o envio de tua  Antologia, de tão alta e esplêndida poesia, mágica e fiel  às raízes nossas dos chãos nordestinos e nortistas do Brasil. De longa data conheço e admiro tua poesia. Neste mais recente, destaco  Sensual Alice (p.59) , Nunca Mais  (pg. 64 – que no final me remete a um poema do poeta e ensaísta Octavio Paz, que traduzi,  mexicano-universal, como Neruda, dos quais sou a principal tradutora no Brasil.  O teu e o poema de Paz são de beleza ímpar, como se ambos os poemas sonhassem uma menina entrevista certa vez para nunca mais). Traduzi 13 livros de Neruda e 9 de Paz,estando incluída estes dois Nobel na Antologia de Poesia da América Latina, com apenas 18 poetas da A. L., editada luxuosamente na Holandaem 1994. Ao todo, minha traduções só de grandes nomes somam mais de 50, entre os quais os clássicos japoneses do haikai: Bashô, Buson, Issa, etc.
Quando faço um balanço em minha vida, vejo que só fiz trabalhar e trabalhar. Jorge Amado, C. Drummond, Houaiss, Gilberto Freyre e tantos mais afirmavam que jamais tinham visto alguém trabalhar tanto, mais do que 20 homens juntos, e numa área adversa como a nossa, a área da cultura.
Fui escolhida quatro vezes “Mulher do Ano em Literatura e na área de Cultura”: pelo jornal O Globo (Rio de Janeiro,1975); pela Secretaria de Cultura de São Paulo e Departamento de Bibliotecas, 1996; pela Fundação Soka Gakkai/UNESCO, Brasil-Japão, 2000;  e em Belém – Pará, minha terra, 2010 – tudo pelos serviços prestados à cultura brasileira, por muitos considerada pioneira e “a maior poeta viva no Brasil”.
Com livro de prefaciado meu, o abraço fraterno de
                                    Olga Savary.

                                   
2

Rio, 16/8/2011
Francisco, querido, com tanto trabalho que me ocupa 18h/dia, no Rio e mais viagens (p/fazer conferências sobre minha obra, convidada, profissionalmente, tudo pago e mais bom cachê, pelo menos p/um congresso de poesia ou literatura por mês, quando não dois ou três/mês, fui duas vezes a Salvador – BA, irei a MG, RJ, SP, AL, RN e E. do Rio. Muita coisa. Vivo de escrever, de literatura, desde sempre, desde a adolescência. Nunca fiz outra coisa na vida.  E ainda arranjo tempo de ajudar os amigos, literariamente falando,  considerada por poetas e ficcionistas mais jovens como “sua mãe literária”. Já dei maior visibilidade a colegas poetas, por exemplo,  em três antologias que realizei: Carne Viva – 1ª Antologia de Poesia Erótica, editada em 1984, onde incluí 77 poetas de todos os estados brasileiros; outra, de poesia social,  onde incluí 334 poetas brasileiros, editada em 1992;  e Poesia do Grão-Pará (que deveria chamar-se Poesia da Amazônia, minha região), onde incluí 117 poetas de vários estados em torno, em mais de 200 anos de poesia amazônida, editada pela Prefeitura de Belém do Pará, em 2001.  Como vê, tudo em excesso.Às vezes tenho a impressão de ter vivido de três a cinco vidas p/construir e realizar tanto, que vai de A a Z.
  Abraço fraterno.
   Savary

P. S. Ah, e não esquecendo de notar o belo ensaio sobre sua obra., de autoria de Deolinda Marques.
Gostaria de ter o endereço de Deolinda, endereço postal (não tenho e-mail), com CEP e tudo para mandar-lhe livro.
O. S.

3                
Poesias
                   
Tranqüilidade na tarde
A Liene T. Eiten

Ah, derramar-me líquida sobre o mar
– ser onda indefinidamente –
esperar pela primeira estrela
e dela ser apenas
espelho.


Quero apenas
Além de mim, quero apenas
essa tranqüilidade de campos de flores
e este gesto impreciso
recompondo a infância.
Além de mim
– e entre mim e meu deserto –
quero apenas silêncio,
cúmplice absoluto do meu verso,
tecendo a teia do vestígio
com cuidado de aranha.


Água água
Menina sublunar, afogada,
que voz de prata te embala
toda desfolhada?
Tendo como um só adorno
o anel de seus vestidos,
ela própria é quem se encanta
numa canção de acalanto
presa ainda na garganta

Liberdade
A Carlos Scliar 
Desligada
O vento morde meus cabelos sem medo:
Tenho todas as idades.
_____________________
Observação: 
Os poemas acima foram copiados da web: 
http://palavrarte.sites.uol.com.br  por francisco miguel de moura

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