quinta-feira, 17 de março de 2016

O CORPO SECO - Poema popular (quadrinhas)

Francisco Miguel 
de Moura*



Na fábula da velha praça,
no sino, nas agonias,
há, nessa Matriz das Graças,
a história do velho Dias.

O luxo, a fama, a riqueza
e o valor das porfias
lembram senzalas, pobreza,
na casa final dos Dias.

E se um corpo à noite cai,
depois das ave-marias,
um grito, um sussurro, um ai:
evocam Simplício Dias.

Se o mar enche, se o mar seca,
se o sol esquenta ou esfria:
- Corpo Seco! - a mesma tecla
que fala em Simplício Dias.

Se tu cantas, se tu choras,
ou nas noites assobias,
irmão, é suplício de horas,
mando de Simplício Dias.

Na ampulheta marmórea,
na voz da escravaria,
cumpre punição na história,
o corpo do Velho Dias.

*********** 

*Francisco Miguel de Moura, também conhecido como Chico Miguel, é poeta, membro da Academia Piauiense de Letras  e da Academia de Letras de Região de Picos (ALERP).

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...