de Moura*
Na fábula da velha praça,
no sino, nas agonias,
há, nessa Matriz das Graças,
a história do velho Dias.
O luxo, a fama, a riqueza
e o valor das porfias
lembram senzalas, pobreza,
na casa final dos Dias.
E se um corpo à noite cai,
depois das ave-marias,
um grito, um sussurro, um ai:
evocam Simplício Dias.
Se o mar enche, se o mar seca,
se o sol esquenta ou esfria:
- Corpo Seco! - a mesma tecla
que fala em Simplício Dias.
Se tu cantas, se tu choras,
ou nas noites assobias,
irmão, é suplício de horas,
mando de Simplício Dias.
Na ampulheta marmórea,
na voz da escravaria,
cumpre punição na história,
o corpo do Velho Dias.
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*Francisco Miguel de Moura, também conhecido como Chico Miguel, é poeta, membro da Academia Piauiense de Letras e da Academia de Letras de Região de Picos (ALERP).
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