Professor e cronista
Em meio a enigmáticos
traçados de pichações, em muros e prédios, encontrei, enfim, uma frase legível
e que traduzia a sexualidade contemporânea: “GAROTA QUE NÃO TRANSA É PAIA”.
Que PAIA? Nosso sertanejo,
preguiçosamente, engole fonemas do termo PALHA por PAIA. O caipira paulista
adota PAIA para determinar coisa imprestável, sem valor, transitório como PALHA.
Tanto faz, lá e cá. PAIA entrou no vocabulário dos devaneios baratos. “Que tudo
fácil, valor nunca traz”(R. Carlos)
Que me perdoem as mulheres,
que andam mais preocupadas em conquistar direitos de proteção à sua sexualidade
do que cobrir a sua vergonha. Vistam-se, cubram-se de pudor e decência. O pudor
feminino inflama a libido masculina. Não me me refiro a pudor de burca e saias
longas. Não, mas de preservar prudência na relação com os homens.
Pudor é discrição no
vestir-se, prudência no falar, no topar a cantada, ficar por ficar com a
primeira paquera. Mulher pudorosa envergonha-se de mostrar o corpo, exibindo-se
para despertar erotismo. Que, na primeira parada, entrega-se a calientes
amassos, e chamam o “ficar” de amor à primeira vista.
Quanto mais fáceis as mulheres
avançam, mais os homens partem para o “ataque”. Trata-se do natural instinto
dos machos. Mulheres atacam com suas bermudas curtíssimas, seios quase à vista,
cortes para a imaginação masculina delirar, tecidos transparentes, nádegas
desnudadas, fios dentais, anais. Sem falar nos rebolados eletrizantes dos
ritmos frenéticos. Elas querem respeito e direitos, mas preservando a astúcia
das serpentes.
Paia sou eu, quadrado,
antiquado, coroa, que vivi uma época em que prostitutas da Paissandu, Marocas,
Casa Amarela e Brasília eram mais pudicas que as avançadinhas atuais. Uma época
em que o lance de uma calcinha escondidinha ou dançar colado me deixava úmido,
em pleno salão do Clube dos Diários ou do Jóquei.
Depois de uma palestra, o
estudante de 16 anos procurou-me: “Professor, não sei o que está acontecendo
comigo: não sinto mais tesão pela minha namorada...” Fui direto: “Ela permite a
você todo tipo de amasso?” E, direto, completou: “Professor, já conheço norte,
sul e centro... sem mais segredo a descobrir”. Diagnóstico: “Seu problema,
amigo, é barriga cheia: você comeu demais. Sua namorada empanzinou você. Ela
não se submeteu a uma dieta nem estimulou você a fazê-la”.
O corpo é expressão da alma. A educação do corpo causa manifestação
adequada do espiritual. O pudor, para homens e mulheres, reflete o equilíbrio
entre corpo e espírito. A devassidão sexual, além da violência, em geral,
dominaram civilizações, quando se permitiam exageros de condutas liberais. Por
isso, foram arrasadas.
A roupa é uma linguagem, assim como os estilos. Traduzem características
de época. Estilistas criam moda para seduzir, porque a época de exacerbado
erotismo domina os comportamentos. O
inventor da minissaia admitia que seu alvo “era seduzir os homens, ser
subversiva a moda”.
Ah! Quão difícil
conscientizar os jovens, mocinhas principalmente! Pais e educadores é que são os
verdadeiros PAIAS. Eu, deles.
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