MEU CAVALO: TROVAS
F. Miguel de Moura*
A minha maior lembrança
lá dos tempos de menino,
é meu cavalo que avança
para salvar meu desatino.
Eu nuca soube se tinha
cavalo mais corredor
do que aquele que vinha
pra me dar tanto calor.
Era branco como a neve
como a flor de bogari.
Andar nele era tão leve
como o neném que sorri.
Alta noite, pai chegando
cansado e logo, sem mossa,
me dizia - e eu chorando:
- Leve o cavalo p’ra roça.
E eu tinha medo de alma,
quando voltava de pé:
Via visões e, sem calma,
corria qual um “mané”.
Se disto lembro, não quero.
Quero lembrar quando eu ia
cantando, e sem lero-lero,
p’ra fonte que ali nascia...
Nas Carnaíbas... Que bom
meu belo cavalo branco
descia, perdendo o som,
correndo desde o arranco...
Meu cavalo pela estrada,
eu, segurando sua clina,
querendo alcançar a aguada.
Que maravilha divina!
Que aguada benfazeja,
a fonte do seu regalo.
Não tinha missa nem igreja,
meu céu era meu cavalo.
Carnaíbas, boa terra
onde eu vivi com ardor,
olhando pra grande serra
e meu cavalo “bralhador”.
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*F, Miguel de Moura ,poeta e trovador.
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