quarta-feira, 4 de agosto de 2021

 

MEU CAVALO: TROVAS


                F. Miguel de Moura*

 

A minha maior lembrança

lá dos tempos de menino,

é meu cavalo que avança

para salvar meu desatino.

 

Eu nuca soube se tinha

cavalo mais corredor

do que aquele que vinha

pra me dar tanto calor.

 

Era branco como a neve

como a flor de bogari.

Andar nele era tão leve

como o neném que sorri.

 

Alta noite, pai chegando

cansado e logo, sem mossa,

me dizia - e eu chorando:

- Leve o cavalo p’ra roça.

 

E eu tinha medo de alma,

quando voltava de pé:

Via visões e, sem calma,

corria qual um “mané”.

Se disto lembro, não quero.

Quero lembrar quando eu ia

cantando, e sem lero-lero,

p’ra fonte que ali nascia...

 

Nas Carnaíbas... Que bom

meu belo cavalo branco

descia, perdendo o som,

correndo desde o arranco...

 

Meu cavalo pela estrada,

eu, segurando sua clina,

querendo alcançar a aguada.

Que maravilha divina!

 

Que aguada benfazeja,

a fonte do seu regalo.

Não tinha missa nem igreja,

meu céu era meu cavalo.

 

Carnaíbas, boa terra

onde eu vivi com ardor,

olhando pra grande serra

e meu cavalo “bralhador”.

______

*F, Miguel de Moura ,poeta e trovador.

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