domingo, 18 de janeiro de 2009

A MAIS ANTIGA CIÊNCIA


Francisco Miguel de Moura
Escritor, Membro da Academia Piauiense de Letras


Quer se acredite em teocentrismo, quer se adote o evolucionismo com relação à origem do mundo, a ecologia é a mais antiga ciência do homem. Ela nasceu quando Deus entregou o Éden a Adão e disse:

– Este mundo aqui é todo seu, sua casa, você tem liberdade de fazer o que quiser com ele, inclusive dar nome às coisas que fizer e ao que existe.

E o primeiro homem saiu por aí observando tudo, nomeando o que entendia e o que não, e cuidando de sua casa. Mas, daí a pouco, o homem descuidou-se, começou a fazer tolices e foi expulso do Paraíso. Éramos uma só família, vindos do mesmo tronco.

Como o médico Dráuzio Varella e a maioria dos cientistas e inteletuais, creio na teoria de Darwin, o evolucionismo. Em seu livro “Borboletas da Alma”, diz Varella que o rio da vida começou há 4 bilhões de anos, com seres unicelulares. Entretanto, “há 600 milhões de anos o rio da vida abandonou a monotonia unicelular e deu origem aos primeiros seres formados por agrupamentos rudimentares de várias células”. E daí começou a espetacular diversidade de formas viventes (leões, mosquitos, lagartos, coqueiros, roseiras, bactérias, vírus, algas e dezenas de milhões de outras espécies). Já nos últimos milênios vem diminuindo essa diversidade pela extinção de animais, árvores, arbustos, ervas, florestas marinhas, matas ciliares... Nosso planeta vem presenciando o começo da extinção da vida em seu seio.

Voltando à relação teocentrismo religioso versus darwinismo evolucionista, diz o Dr. Dráuzio Varella que é muito mais emocionante participar da teoria evolutiva e do seu mistério que da coesão teocentrista bíblica. De qualquer forma, teoria é teoria. Vejamos: Moisés teve um sonho tão bem contado no “Gênesis” que termina se aproximando muito do que a ciência já tem a dizer sobre o nosso começo. E como estamos a falar de ecologia, digamos que o homem já singra o estágio da expulsão do Paraíso. Fizemos tudo o que não devíamos fazer, depredamos e sujamos nossa casa, comendo o fruto proibido, abandonando os demais às intempéries.

Mas, de qualquer ângulo que se veja a teoria, não resta dúvida de que a ciência ecológica nasceu com o homem (primitivo) e vai morrer com ele. E não há certeza (ou há?) de que exista outro planeta, satélite ou estrela para abrigar a semente do homem. Nem a ciência foi capaz de construir naves tão poderosas e competentes e descobrir formas suficientemente velozes de viajar pelo universo. Na Terra, o homem tem transformado o clima, a vegetação, a água; aterrado os rios e lagos e mares; comido boa parte da camada de ozônio (atmosfera); sem falar nos rombos já feitos nas montanhas de ferro e outros minerais e nas profundezas onde possa encontrar petróleo e outros bens não renováveis.

Da mesma forma que o homem é, até agora, o único animal que chora e ri, também é o único efetivamente contra a natureza, um exterminador e sem nenhum plano de reconstrução. Será que ainda vamos criar juízo, obrigando os políticos a deixarem de ser desonestos e ditadores dos recursos que não são seus? Eles, nós, a população toda da Terra, temos de estudar e ordenar a reconstrução do que foi ferido de morte, e não volta a ser como antes, para entregar às novas gerações um pouco do que recebemos de graça: a natureza e as maravilhas da vida.

A ecologia é a ciência da vida de modo completo.

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...