domingo, 10 de maio de 2009

EPÍGONOS



francisco miguel de moura*



meu apego indefeso ao infinito
é sem fingir – finjo-me descontente.

não me assusta viver descarnado:
os espíritos sobrevoam fronteiras
no grande universo.
que não se apossem nunca de mim!

é lá onde os bichinhos são bichos
e comem migalhas só por malícia:
um de-comer, um de-beber sem riscos.

nem imitar nem iludir arte e beleza:
não me dou com espíritos certinhos
debruçados sobre “eus” e grupinhos
daqui, dali, dalém, seja mais longe.

eu me quero terra e da terra onde nasci
qual estátua plantada na intempérie,
ao sol e à saudade do que não vivi.

Nem sol nem lua, sou planeta esquisito.

no tempo
não tenho medo de bichos nem bichanos,
mas corro por léguas do que se eternizou
antes do tempo.
meus mestres,
meus irmãos,
detesto epígonos.
___________________
*francisco miguel de moura, poeta brasileiro, mora em teresina, piauí.
e-mail: franciscomigueldemoura@superig.com.br

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