sábado, 14 de novembro de 2009

DOIS POEMAS DE FRANCISCO MIGUEL DE MOURA

DILEMA


Francisco Miguel
de Moura*





Um sentimento estranho me desperta,
agora, que partiste pra tão longe,
e eu cá, neste mosteiro, feito um monge
que se queria um sábio e não poeta...

Mais não tive que um sonho de profeta,
mesmo assim não previ que ias mais longe,
a fingir-te de amada... E, eu, de monge,
sem conseguir sonhar com a alma aberta.

Assim, fingindo amor a vida inteira,
amor que começou por brincadeira
e agora quer sumir tão de repente...

Não sei se vou ficar no meu avesso,
mentindo que te quero, no regressso,
ou se morro de dor completamente.

Teresina, Nov/2009


TEU VALOR

Francisco Miguel de Moura*


És filha de sangue azul,
rainha de norte a sul,
princesa do meu torrão.
É meigo teu ar de riso
baloiçando o puro friso
das belezas de um Éden.
Ai! me dói o coração,
ver a tua condição,
tão diferente da minha!
A tua mais se dilata,
a minha mais se definha.
Ora sinto-me aprazer
na beleza do teu ser,
ora me sindo um ninguém.
De cobiça é meu viver,
é um triste vai e vem.

Jenipapeiro, Jan/1952

NOTA:
- Este último poema foi o primeiro publicado em jornal, de autoria de Francisco Miguel de Moura.
- O primeiro poema é o mais recente, porém inédito até agora.
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*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro, atualmente
residindo em Teresina - Piauí - Brasil. E-mail:franciscomigueldemoura@superig.com.br

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