segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

POEMAS DE ROSIDELMA FRAGA

Rosidelma Fraga*  

FABULOSO XICO

para meu amigo poeta, francisco miguel de moura

Fabuloso Xico,
Aurora do Parnaíba
Bruma de Areias...
Um dia vestiu e bebeu poesia
Lavrou canções e reinventou-se.
Outrora foi flamingo nas asas de um menino
Sempre vivo: metade rio, metade sol...
O Parnaíba até sorriu
de teus olhos azuis
abraçados na cor do mar.

Por celebrar a ti, Xico,
minhas mãos desnudam em canto piauiense,
em versos de minha índia terra...

Em alma desmedida, quase fábula, quase prosa...
Derramo as gotas de palavras, a ti menino,
o quase perdido,
uma vez achado,
jamais esquecido.


POEMA 1
        
Se acaso a mão fechar os olhos
de meus versos intermináveis...
Se porventura
o verbo imperfeito
tocar a valsa de Natal,
no saltério de dez cordas...

Saltarei do crepúsculo
de meus dias
e navegarei para além do além-céu...

Das galáxias darei as costas
aos livros que não escrevi
E vestirei o germinar da poesia
nas asas do querubim.


POEMA 2

Se amanhã eu escrever que te espero,
sem pressa ou voluptuosos delírios,
sem olhar o devaneio do inaudito silêncio
ou a suja poesia que amassei no lixo?

Se eu escrever a epifania da tua aura,
da alma borbulhando no fogaréu?

E se eu pintar o verso erótico mais puro,
sem nunca ter dito a palavra AMOR?
Não sei se escrevo ou se escondo o verbo...
AMOR é substantivo abstrato e intransitável.

Declaro, enfim, que meu verso romântico
se perdeu na lama da escuridão
e voou nas chamas de tua ausência,
a virgem amante de todos os meus dias.


POEMA 3

Por trás de cada verso mudo,
quero visitar
a pele suada da poesia,
o olhar sem plumas do mendigo,
a última utopia em flor,
o vago escuro da solidão
e a nudez do silêncio em mim.

Por trás da visitação,
quero abraçar
o chão,
o riso,
a nostalgia
e o minuto eterno da palavra LEMBRANÇA.

Por trás da linha do fim,
quero dar adeus à vermelha poesia...
E a minha ausência fará sentido.


POEMA 4

Fiquei acorrentada
pela visitação
do anjo de asas negras
de Lúcifer com a taça quebrada.

Toquei no vinho dionisíaco
derramado
e sugado pela cigana do véu
que na lama gemia
feito a mulher de branco e feito
a última flor em chamas.

Eu que nasci poeta para beber a dor alheia,
fotografei o silêncio da cigana
e despi meu sentimento de mundo.


POESIA PRENHE   
          
De um sabiá
aleluiando
desci os outeiros
e o teu olhar de azul
vestia-se de ternura,
de luz e epifania.

Ó Anjo da noite,
Meu Amor inusitado,
quero sugar as gotas
desse minuto pleno
e prenhe qual rio de almas
em êxtase de poesia.


http://franciscomigueldemoura.blogspot.com
__________________________________
*Rosidelma Fraga, escritora brasileira, escreve ensaios, poemas e crônicas, professora, doutoranda em Literatura, mora em Goiânia - GO. 

2 comentários:

CHIICO MIGUEL disse...

Obrigado pela inscrição.
abraços
francisco miguel de moura

Anônimo disse...

Quando o poema
e a poesia homenagem
se tornam um
nos acordes de uma lira
poética
os versos derramados
do cálice
espalhados em estrofes
recitadas
uma aurora espalhada
num amanhecer lindo
orvalho para se beber
nas pétalas da vida.

Luiz Alfredo - poeta

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