quinta-feira, 3 de maio de 2012

SANGUE, CORRUPÇÃO E MEDO


Esclarecimento:  A imagem acima, que ilustra esta postagem, pertence ao http://fpfrasesprotestantes.blogspot.com.br
                                                           Nossos agradecimentos pelo seu uso
Francisco Miguel de Moura*


É difícil entender o Brasil. Nem o de ontem, nem o de hoje. O de ontem que falamos é o da “revolução” dos militares; o de hoje é o da “corrupção”. Os trabalhadores ¬- pois aqui também não houve nenhuma revolução - se aninharam nos sindicatos e associações de classe. Transformaram o que eu pensava que viesse a encaminhar-se para uma democracia racial, moral, social, eticamente cheia de progresso harmonioso. Hoje o país é uma corporação da corrupção. A liberdade individual não conta. Se você não faz parte de uma associação, de um sindicato, de um grupo, de um partido – e olha que partidos! – todos são iguaizinhos na busca dum meio de abocanhar um pedaço maior do que o contribuinte entrega ao governo, no menor tempo possível, e se puder durante todo tempo, como funcionário ou político, muitas vezes de conluio com a sociedade privada.  As obras, que se danem! Cadê estradas, linhas de ferro, pontes, trens-bala, metrôs, navegação fluvial, marítima, portos e aeroportos?  Já a droga anda solta, quem quiser pode negociar com ela que não lhe acontecerá nada, usá-la, traficá-la, exportá-la. Quem quiser que morra, quem não tiver sorte, se arrisque a ser morto num abrir e fechar de olhos, por quadrilhas de marmanjos, com menores à frente. A polícia e a justiça dizem logo: “São leis fracas que não nos deixam agir”. E muitas vezes têm razão. Mas quem faz a lei, quem aplica a lei? Quem reforma a lei para fazê-la mais forte e mais efetiva? Não se diz nem “psiu” a um menor, mesmo que ele tenha extorquido, roubado, seqüestrado, assassinado a muitos, senão o agredido é quem sofre, vai ser perseguido pelos malandros e pela polícia e justiça.

Falar em saúde?  Todos nós temos conhecimento do estado dos hospitais, da confusão dos planos de saúde, dos rombos da previdência, de forma que não há o que fazer para melhorar – dizem os governantes. A educação é uma lástima, são tantos os “analfabetizados” pela internete, são tantos os que nunca entram numa escola e vivem na rua ou nos orfanatos. São tantos! Há bem pouco tempo, um político de alto gabarito, cujo não me lembro, disse que só há um meio de socializar a riqueza de um país: educando seu povo. Mas eita povinho mal-educado da peste! Vejamos o estado do lixo em que se encontra o país. Lixo em tudo.  Quem disser que sabe o que é o Brasil está mentindo, o que foi o Brasil - está mentindo; o que será o Brasil, é mentiroso. Livro e livros já foram escritos, todos os dias aparecem as mais estúpidas pesquisas econômico-político-sociais e nada melhora. Quem melhor entende os brasileiros são os papagaios que vivem em cativeiro nas casas dos abastados (da área privada e da área política). Ouçam bem, a única palavra que apreenderam a falar foi: “Corruptos!” Corruptos!”E por isto o IBAMA está mandando retirá-los desses recintos para soltá-los na mata, bem distante”.

Cadê a reforma agrária tão esperada pelos trabalhadores do campo. Nada. Só briga. Tiroteio. Invasão de terras de índios. Índios invadindo terra de branco. Muita malandragem pelo meio, mas os que deviam melhorar o padrão moral têm-se mostrado tão corrompidos quanto o lixo e a carne podre que por lá aparece, o poeta  Manuel Bandeira, num poema de 27 de dezembro de 1947, que está em sua Obra Poética completa, em poucas linhas registra a desumanidade do homem e dos homens, naquele tempo:

“Vi ontem um bicho
 Na imundície do pátio
 Catando comida entre os detritos. 
Quando achava alguma coisa, 
Não examinava nem cheirava: 
Engolia com voracidade. 
O bicho não era um cão, 
Não era um gato,  
Não era um rato.
O BICHO, MEU DEUS, ERA UM HOMEM!.” 

A situação não mudou, é como se fosse hoje, não adiantou bolsa família, bolsa escola, bolsa isto, bolsa aquilo. Ou se transforma o homem pela educação, ou tudo continuará piorando, como dantes...

Você conhece o Brasil?  Pois é, o Brasil que eu quis retratar em meu livro-poema “A®)FOGO” é este país contraditório, onde vem revolução, vai revolução, e cada vez mais cheio de doenças, fome, analfabetismo, ignorância, vagabundagem, vícios, roubos, assassinatos, imoralidade, falta de vergonha. Ou o Brasil se educa (ao mesmo tempo em que aprende as coisas práticas) ou não sairá dessa arapuca.



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*Francisco Miguel de Moura, poeta, professor, radialista, bancário, aposentado, escreve aos sábados para o jornal O Dia, de Teresina, PI.

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