Vida e coisa em seu tempo e lugar estão,
Com os orgasmos arrancados dos olhos,
Do ouvido e da mão,
Sob a alcunha de vertigens, paranóias.
Com olhos de boi morto em quem passa
Fiquem sapatos, bolsas, na prateleira,
Fiquem vestidos lá nos manequins.
Liquidação total ainda não veio: a Aurora
Do corpo nu, no tempo/espaço/verdade.
Vida não é pau seco, nem lixo, nem coisa,
E em verdade, sê-lo-á se em degradação.
Causa de poemas, e acenos, e emoções,
É necessário o par darem-se as mãos
Entre tantos iguais, desiguais, sim e não,
É assim que, perdidos, ambos se acharão
Sem traumas, nos shoppings da história,
Sem que se desconheçam, a loja é de feitiços,
A última festejada... E se houver rebelião?
Coisa e vida apenas se contrastam: mortos/vivos,
Na claridade ou na imensa escuridão.
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*Francisco Miguel de Moura, poeta vivo e escritor de peso, mora no Nordeste (uma parte esquecida do Brasil).
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