De tristezas sem motivo
Que me chegam ao pêlo, em doce vento,
Como a todos numa terra triste,
Entre risadas e chistes sem temas.
As almas se enrugam e envilecem
Na ferrugem das honras e lavras
Que inocentemente o relógio
Canta, decanta e descarta.
Tristeza - “condition humaine”,
Carência de pinto na chuva,
Ao pé da cerca, em tremor e frio.
Busco a galinha como o pinto
No seu choroso tititi.
A minha é bem mais penas:
Descanso que se cansa,
Alegria que entristece,
Sonhos que anoitecem sem paixão
(onde morremos seus pesadelos).
No último suspiro, o abraço de Deus
E o desencanto do conto que passou.
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* Francisco Miguel de Moura, poeta de poucas palavras na tribuna dos homens e de muitas palavras no palanque dos espíritos.
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