domingo, 15 de dezembro de 2013

CONFESSO QUE SOU TRISTE

Francisco Miguel de Moura*


De tristezas sem motivo
Que me chegam ao pêlo, em doce vento,
Como a todos numa terra triste,
Entre risadas e chistes sem temas.

As almas se enrugam e envilecem
Na ferrugem das honras e lavras
Que inocentemente o relógio
Canta, decanta e descarta.

Tristeza - “condition humaine”,
Carência de pinto na chuva,
Ao pé da cerca, em tremor e frio.

Busco a galinha como o pinto
No seu choroso tititi.
A minha é bem mais penas:
Descanso que se cansa,
Alegria que entristece,
Sonhos que anoitecem sem paixão
(onde morremos seus pesadelos).

No último suspiro, o abraço de Deus
E o desencanto do conto que passou.


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 * Francisco Miguel de Moura, poeta de poucas palavras na tribuna dos homens e de muitas palavras no palanque dos espíritos.

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