Como se fosse a segunda
F. M. M.*
Antes, recordo-me a subir o morro,
Pegado pela mão de uma menina.
O silêncio nos vinha por socorro:
Mesmo assim se corava Francelina.
Subíamos o céu da nossa infância,
Tudo era leve como o vento leve.
Em nossos corações, desejo e ânsia
Do viver tão gostoso por tão breve.
Descer do céu não lembro como fora,
Descemos juntos para a vida. E embora
Tenha sido de tempo o meu sorrir,
Bem que inda choro o ontem que é agora.
Tão ledo como foi, quem joga fora!
O que existiu há sempre de existir.
A SEGUNDA
Como se fosse a primeira
F. M. M.*
Não sei se ela me veio por primeiro
No afeto da menina que se quer.
Está tão longe o tempo e seu mister...
O pensamento é um grande viajeiro.
Sei que era linda e tinha gosto e cheiro
Diferente das outras. Nem sequer
Nos beijamos. Porém, de longe, o ser
Encontra o outro que o completa, inteiro
Em juventude, em luz, em força e mais,
Naquela idade em que se não tem paz
Por causa de um hormônio que atropela.
Sei que inda choro o ontem, hoje, agora.
Tão diferente foi, quem joga fora?
Como esquecer os olhos de Arabela.
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*Francisco Miguel de Moura, autor dos dois sonetos inéditos, nascido no Piauí, em 16.6.1933, mora em Teresina, PI, e já publicou cerca de 35 livros, a maioria de poesias. Em 2016 estará completando 50 anos de poesia, com a edição de POESIA IN COMPLETA, englobando poemas selecionados do livros editados e inéditos.
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