domingo, 29 de maio de 2016

A COISA PÚBLICA E A PRIVADA


 Afonso Romano de Sant’Ana – Rio de Janeiro
(Tendo em vista a confissão pública da Andrade Gutierres propondo 
pagar pesada multa e disposto a uma nova relação com os governos,
 parece que esse poema publicado há quase trinta anos é ainda atual):




Entre a coisa pública
e a privada
achou-se a República
assentada.
Uns queriam privar
da coisa pública,
outros queriam provar
da privada,
conquanto,é claro,
que, na provação,
a privada, publicamente,
parecesse perfumada.
Dessa luta intestina
entre a gula pública e a privada
a República
acabou desarranjada
e já ninguém sabia
quando era a empresa pública
privada pública
ou
pública privada.
Assim ia a rês pública: avacalhada
uma rês pública: charqueada
uma rês pública , publicamente
corneada, que por mais
que lhe batessem na cangalha
mais vivia escangalhada.
Qual o jeito?
Submetê-la a um jejum,?
Ou dar um purgante à esganada
que embora a prisão de ventre
tinha a pança inflacionada?
O que fazer?
Privatizar a privada
onde estão todos
publicamente assentados?
Ou publicar, de uma penada,
que a coisa pública
se deixar de ser privada
pode ser recuperada?
-Sim,é preciso sanear
desinfetar a coisa pública.
limpar a verba malversada,
dar descarga na privada.
Enfim, acabar com a alquimia
de empresas públicas-privadas
que querem ver suas fezes
em outro alheio transformadas.

_____________________
(*)_"O lado esquerdo do meu peito:"Ed.Rocco.Rio ,1992

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