Francisco Miguel de Moura*
Sou galho seco: a paisagem me
devora,
Alonga-se em garranchos,
espinhos, pauis
De catingas estéreis em
terras arenosas.
Não vejo ondas nem dunas pela
praia
Enquanto ouço o sal do marulho
do mar.
Sou quase cego, mas vivo para
o amor
E para sensações outras como o
tato,
O cheiro, o sabor e as cores
sem cor.
Se eu visse o mundo tal como
seria,
Viveria feliz entre gentes e
coisas.
Mas meu saber é simplesmente
amar
Imagens do que falta e do que
além vai.
Morre comigo a paisagem
próxima,
Vive comigo quando se vai. E
vem!...
Sou tão esquisito! Por vezes,
me admiro,
Que me vi ontem no que nada
vi,
No que morreu e creio que em
mim vive.
- Vem para os meus braços,
vem sentir
O calor de um coração que bate
e bate...
Fraco, porém com a força da
coragem
De morrer, morrer de amor
somente.
Talvez que os poetas sintam, sofram
mais,
Quando deixam o belo fugir e
vão atrás.
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