Francisco Miguel de Moura*
Num
corpo que me galopa
por
roças onde não mora,
vejo
um cavalo que corre
do
sol posto até a aurora.
Por
que estou tão descontente
Quando
o pensamento aflora,
Pra
dizer tudo o que sinto,
Do
ontem, chegando agora?
Não
pensar é desfazer-se
Sem
fazer o “mim” que chora,
Sem
uma gota de riso,
Como
um louco toda hora.
Se
quis agora ser duro,
Duro
que não fui outrora...
Fiquei
tremendo, isto pode?
Que
resta de mim, agora?
Vejo
as folhas baloiçando
Ao
vento que vem da aurora.
Que
neutro me trouxe o dia,
Quando
a noite inda me chora!
Como um cavalo que rincha,
Não sei se rindo, ou se chora,
Desfeito em sustos e nãos...
Onde esse cavalo mora?
Não sei, nem posso saber,
Faz tempo que fui lá fora,
Meu tempo vem da janela
que se fecha... E vai embora!
_____________
*Francisco Miguel de Moura, poeta e
trovador. Sabiam que já recebi prêmio até de trova? Foi no Sesquicentenário da
Independência do Brasil, num concurso em São Paulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário