Francisco Miguel de Moura - autor do artigo
Há tempos tenho
comigo um depoimento, por carta, devidamente autorizado a publicação. Não o
divulguei imediatamente. Gosto das coisas pensadas e repensadas. Tenho
paciência de cozinhar pedras. Hoje, pronto, resolvi. Aqui está. Quem o escreveu
foi BENEDICTO LUZ E SILVA, editor, o
grande idealista da Editora do Escritor -
São Paulo, que completou 3 décadas de existência . Seu fundador e atual mentor, Luz e Silva,
nasceu a 20 de setembro de l936, é poeta, contista, cronista, romancista,
crítico literário, formado em Direito e membro da UBE – SP. Recebeu o Prêmio “Alphonsus de Guimaraens”,
da Academia Mineira de Letras, 1966, entre outros. Sua obra: “Um Corpo na
Chuva”, 1972 (romance); “Sol nos Olhos”, 1975 (romance); “A Morte do Cão” , 1976 (contos); “Fuga para
o Fim”, 1977 (romance); “Vento Noturno”, 1978 (poesia); além de participações
várias em livros coletivos. Mas, acima de tudo, Bené – como o chamam seus editados, entre os quais me incluo –
possui um ideal nobre e procura concretizá-lo, aos trancos e barrancos, não
desiste nunca. É a sua editora, a nossa editora, a Editora do Escritor. Não se
trata de milagre, é trabalho e persistência, fé. Ele nos declara aquilo que nós
já sabemos dele: - “Aprendi a não dizer
senão o essencial. Quando não posso elogiar, prefiro hoje o silêncio. Claro
que, como todo mundo, tenho minhas opiniões, mas será que tenho de externá-las,
quando são desfavoráveis à alguém? Antes, em termos de literatura, eu achava
que sim, porque amigo de Platão, porém mais da verdade, como no ditado antigo,
- até que vi que isso era muito bonito na teoria, mas terrível na prática.” (Cta.de
5/101999).
Agora, o depoimento a
meu respeito: - “Eu sabia que você era
candidato a Deputado Estadual em
seu Estado e torci para que saísse vitorioso, porque sei de
seus méritos como homem e como intelectual. Lamento que não tenha obtido a
votação a que fazia jus, menos por você do que pelo povo de sua terra, porque
sei dos seus altos ideais e do bom senso para concretizá-los. Acredito que você já tenha dado a volta por
cima e sacudido a poeira. De propósito não lhe escrevi de imediato, porque
imaginei como devia estar o seu estado de espírito. Mas nada como o tempo para
repor tudo em seus lugares. Esteja
certo de que ganhou você em não ser eleito. Não é o desejo de consolá-lo que me
leva a dizer isso. Infelizmente, a política, como é praticada entre nós, conduz
a becos sem saída. Se há benessses, sinecuras, privilégios, por outro lado, há
também cobranças, subserviências, corporativismo. Você, com seu alto espírito
cívico, com sua moralidade, na certa sofreria muito em meio a tantas transações
de interesses conflitantes. Bom que você se sinta agora livre dos compromissos
políticos. Tenho certeza que cumprirá seu destino com galhardia, continuando a
escrever e publicar.
Recebi
a biografia de Rejane Machado. Grato. A coletânea “Mural de Azulejos” começa a
ser composta agora em janeiro, pois já temos o número necessário de
participantes para um bom volume. É fundamental plantar e distribuir qualidade.
Uílcon Pereira sempre me dizia que era preciso publicar mais artigos de
crítica, porque eram eles que sedimentavam o prestígio de um autor. Aliás, nisso ele repetia Ezra Pound que
sempre pregou a necessidade de se escrever sobre os escritores enquanto estavam
vivos. Por mim, sempre que posso, cumpro essa missão.
Sou grato a você por divulgar novamente o que escrevi sobre sua obra. Se
bem me lembro, também escrevi sobre “Os Estigmas”. Uma vez me pediram um
levantamento sobre os artigos que escrevi e cheguei a mais de 200, entre
assinados e não assinados. É aquilo de a gente ir escrevendo como respira,
quando vê, tem um rio de palavras atrás.
Que tudo tenha servido para alguma coisa.” (Cta.de Benedicto Luz e Silva, de 8/12/1998 ).
Serviu, sim, Bené. “Tudo vale a pena, se alma não é pequena”,
já o disse Fernando Pessoa, o grande
poeta do século. E sua alma é grande, Bené: sua alma e sua obra. Aí está para
quem quiser ver. Tanto a obra material, quanto a espiritual, seus escritos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário