domingo, 30 de julho de 2023

 



ABERTURA

              Francisco Miguel de Moura*

Pra dizer o que dentro me deplora

abandono a linguagem lá de fora,

 

empurrando as cancelas do roçado,

com mãos e pés já sujos do passado.

 

Vejo o sol com seu brilho nos meus olhos

e as nuvens na poeira dos escolhos.

 

Ponho a enxada e a foice em abandono

para gozar a terra, já sem dono.

 

Assim fujo sem dor e sem conflito,

ao apagar de mágoas, num só grito.

 

E aí começa a vida de minha alma,

e eu escrevo e me vejo e bato palma.


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Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro

 

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