domingo, 11 de fevereiro de 2024

 


O MAL DO SONETO                      

 

           Francisco Miguel de Moura*

 

 

Quis achar o começo

E não cheguei ao fim...

Por que não despeço

Cada passo ruim?

 

Quis o verso que teço

E me saiu chinfrim:

Seu tom, logo esqueço,

Se o poema é ter fim.

 

Da roupa, tive o frio,

Da cama, o travesseiro,

Da mulher, perco o cio:

E acordei-me solteiro,

 

E é com dor e alegria

Que enterro meu dia.

___________

*Francisco Miguel de Moura, poeta do começo ao fim

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