domingo, 9 de junho de 2024

 


POEMAS SINTÉTICOS

  Francisco Miguel de Moura*

           1

um rosto sem gestos

torturando a alma

sem gosto nem fala 

onde o poeta expõe

 seu ser e seu trauma.

            2

versos de amor

terso de sim

ao mundo fundo

dos outros nãos

   de mim.

            3

greve nos céus

os anjos da guarda

aqui na terra

em escarcéus.

           4

a casca e o miolo

desamparados

havia flores

de ingenuidades

restaram espinhos

devoradores.

        

 

           5

amar, água corrente

gemendo na descida,

só querendo subir:

a quanto amor obriga!

            6

amor,

humor

colore a vida.

            7

violência

contra violência

não compensa

nem com pinça.

          8

meu ipê a/gosto

floresce e decora

aterra a tristeza

espera setembro.

           9

não sou o que vejo

nem o que me vês

na praça, no espelho:

somos noves-fora.

         10

chinela de mãe

dança na bunda

 do seu neném 

molhado em xixi

em choro afunda.

         11

morrer sonhando

entre verso e brinco,

varando o ar:

poeta ou menino?

         12

atrapalhando

atrás pulando

atravessando

perdeu o gol

saiu do time

descamisado.

        13

abrindo as pernas,

a mulher salta

da noite pro dia

e acorda o homem:

saco vazio.

        14

quem fui 

não sou

só sinto

não soo.

     15

seja você

não olhe o outro

deixe seu rastro

de vivo ou morto.

         16

juiz não julga

diante da lei

por bem ou mal:

onde seu ser?

        17

entre o grande

e o menor poeta

melhor calar.

leitor, aquieta.

        18

desfiz o que não fiz

faço o que sou

para encontrar-me

no que sempre quis.

         19

o grande poeta

tem um editor

o pequeno poeta

faz de conta

e o poeta bissexto

joga tudo no cesto

e não enche.

          20

havia flores em mim

tão ingênuo que eu era!

levaram-nas consigo

ficaram os espinhos...

e a fera.

          21

 eu falo

você fala

quem ouve

trescala.

          22

quem criou o homem

foi um deus perfeito,

e deu-lhe liberdade:

a imperfeição.

          23

quem criou Adão

colocou no Éden,

disse ser eterno

o homem,

o jardim, não.

        24

O impossível

não tem face

em jeito:

Está completo.

      25

Cada grão de areia:

versos meus de vida

amor e paz

alguém duvida?

       26

Areia branca

que pisei sem graça.

Ninguém dirá

se a cor é raça.

        27

Antes da aurora,

à queda fria da flor,

abelhas fogem.

       28

Uns olhos felinos

feriram meu coração

terroso de menino.

         29

Entre atritos

nasce o fogo

e o espírito se ferra.

         30

São dias vindos,

são dias idos..

Eternidade intriga.

          31

Voando sem asa?

Prazam os céus!

E livre-me a casa

e meu chapéu.

          32

Azul - o tapete onde piso,

de tão profundo,

invadiu minha alma.

            33

A lua me comove

e a minha tristeza

fica breve.

           34

Do que me ciciam,

pouco importa:

Abro a janela

e fecho a porta.

         35

Nuvem passageira,

pelo céu de anil,

sois como a vida

esquecida na noite

sem dia.

            36

Pra sair de casa,

vai velar um pobre

e ouvir benditos,

e chorar aos gritos...

Que amor mais torpe!

               37

Ela olhou com raiva,

e não senti dor.

 

 

Nossos olhos se comeram

nus. E o feitiço

pega, pega. Pegou.

         38

A pá

lavra

dores.

          39

Eu sou sim e não.

Ué, meu poeta

Que versos reversos!

 

          40

Onde meu pinto e ovo

viram tal Curral Novo?

Agora, nem velho... Morto.

me pintando salvo

E são

           41

Se não fosse o feio,

que seria do bonito?

- Proscrito!

          42

Sinos uníssonos

badalem dentro e fora

do meu céu azul,

quando abrir-me as asas...

         

             43

Soo pela música sem corda

           única.

E suo a última letra em aleggia

           púnica.

E sou, então poeta e poesia.

 

              44

Poema sem poesia

É uma pena!

Enferruja.

Fuja!

            45

Eu sem os outros

Não serei mito

Mas serei muito.

             46

Poema, explosão da alma,

      precisa de luz

         e de calma

          a flux.

  -----------------

 *Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

 

 

 POEMAS SINTÉTICOS

  Francisco Miguel de Moura*

           1

um rosto sem gestos

torturando a alma

sem gosto nem fala 

onde o poeta expõe

 seu ser e seu trauma.

            2

versos de amor

terso de sim

ao mundo fundo

dos outros nãos

   de mim.

            3

greve nos céus

os anjos da guarda

aqui na terra

em escarcéus.

           4

a casca e o miolo

desamparados

havia flores

de ingenuidades

restaram espinhos

devoradores.

        

 

           5

amar, água corrente

gemendo na descida,

só querendo subir:

a quanto amor obriga!

            6

amor,

humor

colore a vida.

            7

violência

contra violência

não compensa

nem com pinça.

          8

meu ipê a/gosto

floresce e decora

aterra a tristeza

espera setembro.

           9

não sou o que vejo

nem o que me vês

na praça, no espelho:

somos noves-fora.

         10

chinela de mãe

dança na bunda

 do seu neném 

molhado em xixi

em choro afunda.

         11

morrer sonhando

entre verso e brinco,

varando o ar:

poeta ou menino?

         12

atrapalhando

atrás pulando

atravessando

perdeu o gol

saiu do time

descamisado.

        13

abrindo as pernas,

a mulher salta

da noite pro dia

e acorda o homem:

saco vazio.

        14

quem fui 

não sou

só sinto

não soo.

     15

seja você

não olhe o outro

deixe seu rastro

de vivo ou morto.

         16

juiz não julga

diante da lei

por bem ou mal:

onde seu ser?

        17

entre o grande

e o menor poeta

melhor calar.

leitor, aquieta.

        18

desfiz o que não fiz

faço o que sou

para encontrar-me

no que sempre quis.

         19

o grande poeta

tem um editor

o pequeno poeta

faz de conta

e o poeta bissexto

joga tudo no cesto

e não enche.

          20

havia flores em mim

tão ingênuo que eu era!

levaram-nas consigo

ficaram os espinhos...

e a fera.

          21

 eu falo

você fala

quem ouve

trescala.

          22

quem criou o homem

foi um deus perfeito,

e deu-lhe liberdade:

a imperfeição.

          23

quem criou Adão

colocou no Éden,

disse ser eterno

o homem,

o jardim, não.

        24

O impossível

não tem face

em jeito:

Está completo.

      25

Cada grão de areia:

versos meus de vida

amor e paz

alguém duvida?

       26

Areia branca

que pisei sem graça.

Ninguém dirá

se a cor é raça.

        27

Antes da aurora,

à queda fria da flor,

abelhas fogem.

       28

Uns olhos felinos

feriram meu coração

terroso de menino.

         29

Entre atritos

nasce o fogo

e o espírito se ferra.

         30

São dias vindos,

são dias idos..

Eternidade intriga.

          31

Voando sem asa?

Prazam os céus!

E livre-me a casa

e meu chapéu.

          32

Azul - o tapete onde piso,

de tão profundo,

invadiu minha alma.

            33

A lua me comove

e a minha tristeza

fica breve.

           34

Do que me ciciam,

pouco importa:

Abro a janela

e fecho a porta.

         35

Nuvem passageira,

pelo céu de anil,

sois como a vida

esquecida na noite

sem dia.

            36

Pra sair de casa,

vai velar um pobre

e ouvir benditos,

e chorar aos gritos...

Que amor mais torpe!

               37

Ela olhou com raiva,

e não senti dor.

 

 

Nossos olhos se comeram

nus. E o feitiço

pega, pega. Pegou.

         38

A pá

lavra

dores.

          39

Eu sou sim e não.

Ué, meu poeta

Que versos reversos!

 

          40

Onde meu pinto e ovo

viram tal Curral Novo?

Agora, nem velho... Morto.

me pintando salvo

E são

           41

Se não fosse o feio,

que seria do bonito?

- Proscrito!

          42

Sinos uníssonos

badalem dentro e fora

do meu céu azul,

quando abrir-me as asas...

         

             43

Soo pela música sem corda

           única.

E suo a última letra em aleggia

           púnica.

E sou, então poeta e poesia.

 

              44

Poema sem poesia

É uma pena!

Enferruja.

Fuja!

            45

Eu sem os outros

Não serei mito

Mas serei muito.

             46

Poema, explosão da alma,

      precisa de luz

         e de calma

          a flux.

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 *Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

 

 

 POEMAS SINTÉTICOS

  Francisco Miguel de Moura*

           1

um rosto sem gestos

torturando a alma

sem gosto nem fala 

onde o poeta expõe

 seu ser e seu trauma.

            2

versos de amor

terso de sim

ao mundo fundo

dos outros nãos

   de mim.

            3

greve nos céus

os anjos da guarda

aqui na terra

em escarcéus.

           4

a casca e o miolo

desamparados

havia flores

de ingenuidades

restaram espinhos

devoradores.

        

 

           5

amar, água corrente

gemendo na descida,

só querendo subir:

a quanto amor obriga!

            6

amor,

humor

colore a vida.

            7

violência

contra violência

não compensa

nem com pinça.

          8

meu ipê a/gosto

floresce e decora

aterra a tristeza

espera setembro.

           9

não sou o que vejo

nem o que me vês

na praça, no espelho:

somos noves-fora.

         10

chinela de mãe

dança na bunda

 do seu neném 

molhado em xixi

em choro afunda.

         11

morrer sonhando

entre verso e brinco,

varando o ar:

poeta ou menino?

         12

atrapalhando

atrás pulando

atravessando

perdeu o gol

saiu do time

descamisado.

        13

abrindo as pernas,

a mulher salta

da noite pro dia

e acorda o homem:

saco vazio.

        14

quem fui 

não sou

só sinto

não soo.

     15

seja você

não olhe o outro

deixe seu rastro

de vivo ou morto.

         16

juiz não julga

diante da lei

por bem ou mal:

onde seu ser?

        17

entre o grande

e o menor poeta

melhor calar.

leitor, aquieta.

        18

desfiz o que não fiz

faço o que sou

para encontrar-me

no que sempre quis.

         19

o grande poeta

tem um editor

o pequeno poeta

faz de conta

e o poeta bissexto

joga tudo no cesto

e não enche.

          20

havia flores em mim

tão ingênuo que eu era!

levaram-nas consigo

ficaram os espinhos...

e a fera.

          21

 eu falo

você fala

quem ouve

trescala.

          22

quem criou o homem

foi um deus perfeito,

e deu-lhe liberdade:

a imperfeição.

          23

quem criou Adão

colocou no Éden,

disse ser eterno

o homem,

o jardim, não.

        24

O impossível

não tem face

em jeito:

Está completo.

      25

Cada grão de areia:

versos meus de vida

amor e paz

alguém duvida?

       26

Areia branca

que pisei sem graça.

Ninguém dirá

se a cor é raça.

        27

Antes da aurora,

à queda fria da flor,

abelhas fogem.

       28

Uns olhos felinos

feriram meu coração

terroso de menino.

         29

Entre atritos

nasce o fogo

e o espírito se ferra.

         30

São dias vindos,

são dias idos..

Eternidade intriga.

          31

Voando sem asa?

Prazam os céus!

E livre-me a casa

e meu chapéu.

          32

Azul - o tapete onde piso,

de tão profundo,

invadiu minha alma.

            33

A lua me comove

e a minha tristeza

fica breve.

           34

Do que me ciciam,

pouco importa:

Abro a janela

e fecho a porta.

         35

Nuvem passageira,

pelo céu de anil,

sois como a vida

esquecida na noite

sem dia.

            36

Pra sair de casa,

vai velar um pobre

e ouvir benditos,

e chorar aos gritos...

Que amor mais torpe!

               37

Ela olhou com raiva,

e não senti dor.

 

 

Nossos olhos se comeram

nus. E o feitiço

pega, pega. Pegou.

         38

A pá

lavra

dores.

          39

Eu sou sim e não.

Ué, meu poeta

Que versos reversos!

 

          40

Onde meu pinto e ovo

viram tal Curral Novo?

Agora, nem velho... Morto.

me pintando salvo

E são

           41

Se não fosse o feio,

que seria do bonito?

- Proscrito!

          42

Sinos uníssonos

badalem dentro e fora

do meu céu azul,

quando abrir-me as asas...

         

             43

Soo pela música sem corda

           única.

E suo a última letra em aleggia

           púnica.

E sou, então poeta e poesia.

 

              44

Poema sem poesia

É uma pena!

Enferruja.

Fuja!

            45

Eu sem os outros

Não serei mito

Mas serei muito.

             46

Poema, explosão da alma,

      precisa de luz

         e de calma

          a flux.

  -----------------

 *Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

 

 

 POEMAS SINTÉTICOS

  Francisco Miguel de Moura*

           1

um rosto sem gestos

torturando a alma

sem gosto nem fala 

onde o poeta expõe

 seu ser e seu trauma.

            2

versos de amor

terso de sim

ao mundo fundo

dos outros nãos

   de mim.

            3

greve nos céus

os anjos da guarda

aqui na terra

em escarcéus.

           4

a casca e o miolo

desamparados

havia flores

de ingenuidades

restaram espinhos

devoradores.

        

 

           5

amar, água corrente

gemendo na descida,

só querendo subir:

a quanto amor obriga!

            6

amor,

humor

colore a vida.

            7

violência

contra violência

não compensa

nem com pinça.

          8

meu ipê a/gosto

floresce e decora

aterra a tristeza

espera setembro.

           9

não sou o que vejo

nem o que me vês

na praça, no espelho:

somos noves-fora.

         10

chinela de mãe

dança na bunda

 do seu neném 

molhado em xixi

em choro afunda.

         11

morrer sonhando

entre verso e brinco,

varando o ar:

poeta ou menino?

         12

atrapalhando

atrás pulando

atravessando

perdeu o gol

saiu do time

descamisado.

        13

abrindo as pernas,

a mulher salta

da noite pro dia

e acorda o homem:

saco vazio.

        14

quem fui 

não sou

só sinto

não soo.

     15

seja você

não olhe o outro

deixe seu rastro

de vivo ou morto.

         16

juiz não julga

diante da lei

por bem ou mal:

onde seu ser?

        17

entre o grande

e o menor poeta

melhor calar.

leitor, aquieta.

        18

desfiz o que não fiz

faço o que sou

para encontrar-me

no que sempre quis.

         19

o grande poeta

tem um editor

o pequeno poeta

faz de conta

e o poeta bissexto

joga tudo no cesto

e não enche.

          20

havia flores em mim

tão ingênuo que eu era!

levaram-nas consigo

ficaram os espinhos...

e a fera.

          21

 eu falo

você fala

quem ouve

trescala.

          22

quem criou o homem

foi um deus perfeito,

e deu-lhe liberdade:

a imperfeição.

          23

quem criou Adão

colocou no Éden,

disse ser eterno

o homem,

o jardim, não.

        24

O impossível

não tem face

em jeito:

Está completo.

      25

Cada grão de areia:

versos meus de vida

amor e paz

alguém duvida?

       26

Areia branca

que pisei sem graça.

Ninguém dirá

se a cor é raça.

        27

Antes da aurora,

à queda fria da flor,

abelhas fogem.

       28

Uns olhos felinos

feriram meu coração

terroso de menino.

         29

Entre atritos

nasce o fogo

e o espírito se ferra.

         30

São dias vindos,

são dias idos..

Eternidade intriga.

          31

Voando sem asa?

Prazam os céus!

E livre-me a casa

e meu chapéu.

          32

Azul - o tapete onde piso,

de tão profundo,

invadiu minha alma.

            33

A lua me comove

e a minha tristeza

fica breve.

           34

Do que me ciciam,

pouco importa:

Abro a janela

e fecho a porta.

         35

Nuvem passageira,

pelo céu de anil,

sois como a vida

esquecida na noite

sem dia.

            36

Pra sair de casa,

vai velar um pobre

e ouvir benditos,

e chorar aos gritos...

Que amor mais torpe!

               37

Ela olhou com raiva,

e não senti dor.

 

 

Nossos olhos se comeram

nus. E o feitiço

pega, pega. Pegou.

         38

A pá

lavra

dores.

          39

Eu sou sim e não.

Ué, meu poeta

Que versos reversos!

 

          40

Onde meu pinto e ovo

viram tal Curral Novo?

Agora, nem velho... Morto.

me pintando salvo

E são

           41

Se não fosse o feio,

que seria do bonito?

- Proscrito!

          42

Sinos uníssonos

badalem dentro e fora

do meu céu azul,

quando abrir-me as asas...

         

             43

Soo pela música sem corda

           única.

E suo a última letra em aleggia

           púnica.

E sou, então poeta e poesia.

 

              44

Poema sem poesia

É uma pena!

Enferruja.

Fuja!

            45

Eu sem os outros

Não serei mito

Mas serei muito.

             46

Poema, explosão da alma,

      precisa de luz

         e de calma

          a flux.

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 *Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

 

 

 

  Francisco Miguel de Moura*

           1

um rosto sem gestos

torturando a alma

sem gosto nem fala 

onde o poeta expõe

 seu ser e seu trauma.

            2

versos de amor

terso de sim

ao mundo fundo

dos outros nãos

   de mim.

            3

greve nos céus

os anjos da guarda

aqui na terra

em escarcéus.

           4

a casca e o miolo

desamparados

havia flores

de ingenuidades

restaram espinhos

devoradores.

        

 

           5

amar, água corrente

gemendo na descida,

só querendo subir:

a quanto amor obriga!

            6

amor,

humor

colore a vida.

            7

violência

contra violência

não compensa

nem com pinça.

          8

meu ipê a/gosto

floresce e decora

aterra a tristeza

espera setembro.

           9

não sou o que vejo

nem o que me vês

na praça, no espelho:

somos noves-fora.

         10

chinela de mãe

dança na bunda

 do seu neném 

molhado em xixi

em choro afunda.

         11

morrer sonhando

entre verso e brinco,

varando o ar:

poeta ou menino?

         12

atrapalhando

atrás pulando

atravessando

perdeu o gol

saiu do time

descamisado.

        13

abrindo as pernas,

a mulher salta

da noite pro dia

e acorda o homem:

saco vazio.

        14

quem fui 

não sou

só sinto

não soo.

     15

seja você

não olhe o outro

deixe seu rastro

de vivo ou morto.

         16

juiz não julga

diante da lei

por bem ou mal:

onde seu ser?

        17

entre o grande

e o menor poeta

melhor calar.

leitor, aquieta.

        18

desfiz o que não fiz

faço o que sou

para encontrar-me

no que sempre quis.

         19

o grande poeta

tem um editor

o pequeno poeta

faz de conta

e o poeta bissexto

joga tudo no cesto

e não enche.

          20

havia flores em mim

tão ingênuo que eu era!

levaram-nas consigo

ficaram os espinhos...

e a fera.

          21

 eu falo

você fala

quem ouve

trescala.

          22

quem criou o homem

foi um deus perfeito,

e deu-lhe liberdade:

a imperfeição.

          23

quem criou Adão

colocou no Éden,

disse ser eterno

o homem,

o jardim, não.

        24

O impossível

não tem face

em jeito:

Está completo.

      25

Cada grão de areia:

versos meus de vida

amor e paz

alguém duvida?

       26

Areia branca

que pisei sem graça.

Ninguém dirá

se a cor é raça.

        27

Antes da aurora,

à queda fria da flor,

abelhas fogem.

       28

Uns olhos felinos

feriram meu coração

terroso de menino.

         29

Entre atritos

nasce o fogo

e o espírito se ferra.

         30

São dias vindos,

são dias idos..

Eternidade intriga.

          31

Voando sem asa?

Prazam os céus!

E livre-me a casa

e meu chapéu.

          32

Azul - o tapete onde piso,

de tão profundo,

invadiu minha alma.

            33

A lua me comove

e a minha tristeza

fica breve.

           34

Do que me ciciam,

pouco importa:

Abro a janela

e fecho a porta.

         35

Nuvem passageira,

pelo céu de anil,

sois como a vida

esquecida na noite

sem dia.

            36

Pra sair de casa,

vai velar um pobre

e ouvir benditos,

e chorar aos gritos...

Que amor mais torpe!

               37

Ela olhou com raiva,

e não senti dor.

 

 

Nossos olhos se comeram

nus. E o feitiço

pega, pega. Pegou.

         38

A pá

lavra

dores.

          39

Eu sou sim e não.

Ué, meu poeta

Que versos reversos!

 

          40

Onde meu pinto e ovo

viram tal Curral Novo?

Agora, nem velho... Morto.

me pintando salvo

E são

           41

Se não fosse o feio,

que seria do bonito?

- Proscrito!

          42

Sinos uníssonos

badalem dentro e fora

do meu céu azul,

quando abrir-me as asas...

         

             43

Soo pela música sem corda

           única.

E suo a última letra em aleggia

           púnica.

E sou, então poeta e poesia.

 

              44

Poema sem poesia

É uma pena!

Enferruja.

Fuja!

            45

Eu sem os outros

Não serei mito

Mas serei muito.

             46

Poema, explosão da alma,

      precisa de luz

         e de calma

          a flux.

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 *Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

 

 

 

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