sexta-feira, 25 de outubro de 2024

 


                PPP- PRODUTO PRÉ E PÓS PANDEMIA

                                                                        

            Que nome extranho, para o título de um livro? Estranha também é a poesia do poeta José Solon de Sousa, mas, até certo ponto, útil é sábia. Pois, segundo o grande poeta Fernando Pessoa, “tudo vale a pena, se alma não é pequena.” E alma de José Solon de Sousa é grande e bela. Dizendo assim, acredito que estas minhas palavras que servem de prefácio talvez não signifiquem muita coisa. Mesmo porque prefácio e poesia, no frigir dos ovos, ambos são ficção: Poesia é necessária, mas prefácio nem sempre, eis a diferença.

Assim, aqui vão algumas palavras que escrevi depois da leitura do livro supramencionado, de autoria de José Solon de Sousa, médico competente da região de Picos-PI, visto que ele nasceu, criou-se e viveu muito tempo em Jaicós-PI. Mas não só médico. Ele transita pela música popular com desenvoltura. Já publicou diversos livros em prosa e poesia, dois dos quais eu fui prefaciador. Sinto que não tenho mais muito a dizer sobre o seu novo livro nascido como seu próprio nome explica na época da Pandemia da Covid-19 e continuado depois dela, por ter saído ileso, o que foi uma graça para nós, que somos seu amigo e admirador desde já muito tempo.

Entrando, agora, para o assunto, digo ainda que os poemas aqui, creio que a maioria, foram escritos no celular como mensagens. Muitos destes poemas tratam do tempo e sua recorrência como presente passado e futuro. Tendo lido alguns deles, ofereci opiniões sobre os que mais caíram no meu gosto. Assim, depois disto, lido só posso dizer que Solon faz poesia de tudo, do tempo das horas passadas, do forte e do frágil, do ontem, do futuro e do hoje, traçados popularmente para o entendimento rápido e filosofando sobre a vida e a morte, os amigos, as amizades, a companhia, a família e os amores passados, atuais e os projetados para futuro.

Fazendo isto, circulou pelo Rio de Janeiro e Recife, ao que sei, por isto teve e tem muito o que sentir. Não se sente esgotado. A poesia flui a cada momento. E ele logo joga pra o que sente e o que pensa. E isto é bom pra ele e para os leitores que gostam da sua desinibição, algumas vezes levando ao texto o que aprendeu em sua profissão de médico.

Para Solon, viver é poetar, soltar o verbo e espalhar entre os amigos aquilo que apreendeu e gosta de dizer entre os leitores, especialmente os poetas. O tempo, a vida, a música, numa linguagem às vezes estranha provinda da sua profissão de médico.

Poemas curtos ou longos têm a mesma valia, são quando a inspiração lhe chega e feitos para aliviar suas tensões, por isto nem sempre refeitos. Mostra nisto sua originalidade. Há quem goste, como em tudo, e há quem não goste. Poesia é assim mesmo, um vasto campo em que o poeta se ilude que é dono da palavra.

Passando apenas como exemplo do que escrevi acima, aqui vão alguns trechos de seus poemas mais palatáveis, alguns muito sucintos, para mim e acredito que para muitos leitores:

“Poema pronto”: Este aprendiz de poeta / Aprende consigo e com vocês / Por isto meus poemas / São na melhor forma, inacabados / Por isto não os deixo descansar.” E o poema “Meio a meio”:  Toda mulher/ é metade Deus / Metade Diabo. / Na dúvida / Olhe pro rabo.”  E muito sério, agora este: “Bisturi”: Meu bisturi / De tanto operar /Passou a dissecar, letras, versos e poemas / Oh! Que legal! Ele não caduca... Aperfeiçoa-se.”

Outro poema que achei interessante, que tem o título do primeiro verso, foi este: “Maré doce, vida salgada”: Sozinho de frente pro mar / Ouço a melhor música./  Mergulho melhor não há! / A maré nos meus pés / Subindo e dizendo: Nada vai terminar.../ Não espere o céu descer / Suba até os céus. Ame-se, em primeiro lugar.”

Como disse acima, o poeta Solon aprendeu a filosofar sobre “O tempo”, nestas duas pequenas linhas em verso. Olhem o que ele encontrou de fantástico: “O tempo não existe / o hoje é uma eternidade!

Dito isto, devo encerrar este prefácio, que já está muito longo para os leitores do poeta José Solon de Sousa, jaicoense e picoense como eu.  Pois, seus leitores, querem mesmo é poesia. Poesia, que é conversa e vida, trabalho e proveito, amizade e, sobretudo, amor e paz.

       Teresina, PI, 25 de outubro de 2024.

         Francisco Miguel de Moura.

          (Poeta brasileiro, nasceu no Piauí)


domingo, 4 de agosto de 2024

 


SECO E SÓ

           Francisco Miguel de Moura

 

As feras do secreto

do não-ser desdenham

no fundo do sentir:

Inventário do medo

e ninfa que se torra

sem voz, só esqueleto

a brandir surdamente...

Por si, o próprio algoz

com pernas de estupor,

sucumbe ao próprio peso.

__________

*Francisco Miguel de Moura, o poeta

 

domingo, 9 de junho de 2024

 


POEMAS SINTÉTICOS

  Francisco Miguel de Moura*

           1

um rosto sem gestos

torturando a alma

sem gosto nem fala 

onde o poeta expõe

 seu ser e seu trauma.

            2

versos de amor

terso de sim

ao mundo fundo

dos outros nãos

   de mim.

            3

greve nos céus

os anjos da guarda

aqui na terra

em escarcéus.

           4

a casca e o miolo

desamparados

havia flores

de ingenuidades

restaram espinhos

devoradores.

        

 

           5

amar, água corrente

gemendo na descida,

só querendo subir:

a quanto amor obriga!

            6

amor,

humor

colore a vida.

            7

violência

contra violência

não compensa

nem com pinça.

          8

meu ipê a/gosto

floresce e decora

aterra a tristeza

espera setembro.

           9

não sou o que vejo

nem o que me vês

na praça, no espelho:

somos noves-fora.

         10

chinela de mãe

dança na bunda

 do seu neném 

molhado em xixi

em choro afunda.

         11

morrer sonhando

entre verso e brinco,

varando o ar:

poeta ou menino?

         12

atrapalhando

atrás pulando

atravessando

perdeu o gol

saiu do time

descamisado.

        13

abrindo as pernas,

a mulher salta

da noite pro dia

e acorda o homem:

saco vazio.

        14

quem fui 

não sou

só sinto

não soo.

     15

seja você

não olhe o outro

deixe seu rastro

de vivo ou morto.

         16

juiz não julga

diante da lei

por bem ou mal:

onde seu ser?

        17

entre o grande

e o menor poeta

melhor calar.

leitor, aquieta.

        18

desfiz o que não fiz

faço o que sou

para encontrar-me

no que sempre quis.

         19

o grande poeta

tem um editor

o pequeno poeta

faz de conta

e o poeta bissexto

joga tudo no cesto

e não enche.

          20

havia flores em mim

tão ingênuo que eu era!

levaram-nas consigo

ficaram os espinhos...

e a fera.

          21

 eu falo

você fala

quem ouve

trescala.

          22

quem criou o homem

foi um deus perfeito,

e deu-lhe liberdade:

a imperfeição.

          23

quem criou Adão

colocou no Éden,

disse ser eterno

o homem,

o jardim, não.

        24

O impossível

não tem face

em jeito:

Está completo.

      25

Cada grão de areia:

versos meus de vida

amor e paz

alguém duvida?

       26

Areia branca

que pisei sem graça.

Ninguém dirá

se a cor é raça.

        27

Antes da aurora,

à queda fria da flor,

abelhas fogem.

       28

Uns olhos felinos

feriram meu coração

terroso de menino.

         29

Entre atritos

nasce o fogo

e o espírito se ferra.

         30

São dias vindos,

são dias idos..

Eternidade intriga.

          31

Voando sem asa?

Prazam os céus!

E livre-me a casa

e meu chapéu.

          32

Azul - o tapete onde piso,

de tão profundo,

invadiu minha alma.

            33

A lua me comove

e a minha tristeza

fica breve.

           34

Do que me ciciam,

pouco importa:

Abro a janela

e fecho a porta.

         35

Nuvem passageira,

pelo céu de anil,

sois como a vida

esquecida na noite

sem dia.

            36

Pra sair de casa,

vai velar um pobre

e ouvir benditos,

e chorar aos gritos...

Que amor mais torpe!

               37

Ela olhou com raiva,

e não senti dor.

 

 

Nossos olhos se comeram

nus. E o feitiço

pega, pega. Pegou.

         38

A pá

lavra

dores.

          39

Eu sou sim e não.

Ué, meu poeta

Que versos reversos!

 

          40

Onde meu pinto e ovo

viram tal Curral Novo?

Agora, nem velho... Morto.

me pintando salvo

E são

           41

Se não fosse o feio,

que seria do bonito?

- Proscrito!

          42

Sinos uníssonos

badalem dentro e fora

do meu céu azul,

quando abrir-me as asas...

         

             43

Soo pela música sem corda

           única.

E suo a última letra em aleggia

           púnica.

E sou, então poeta e poesia.

 

              44

Poema sem poesia

É uma pena!

Enferruja.

Fuja!

            45

Eu sem os outros

Não serei mito

Mas serei muito.

             46

Poema, explosão da alma,

      precisa de luz

         e de calma

          a flux.

  -----------------

 *Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

 

 

 POEMAS SINTÉTICOS

  Francisco Miguel de Moura*

           1

um rosto sem gestos

torturando a alma

sem gosto nem fala 

onde o poeta expõe

 seu ser e seu trauma.

            2

versos de amor

terso de sim

ao mundo fundo

dos outros nãos

   de mim.

            3

greve nos céus

os anjos da guarda

aqui na terra

em escarcéus.

           4

a casca e o miolo

desamparados

havia flores

de ingenuidades

restaram espinhos

devoradores.

        

 

           5

amar, água corrente

gemendo na descida,

só querendo subir:

a quanto amor obriga!

            6

amor,

humor

colore a vida.

            7

violência

contra violência

não compensa

nem com pinça.

          8

meu ipê a/gosto

floresce e decora

aterra a tristeza

espera setembro.

           9

não sou o que vejo

nem o que me vês

na praça, no espelho:

somos noves-fora.

         10

chinela de mãe

dança na bunda

 do seu neném 

molhado em xixi

em choro afunda.

         11

morrer sonhando

entre verso e brinco,

varando o ar:

poeta ou menino?

         12

atrapalhando

atrás pulando

atravessando

perdeu o gol

saiu do time

descamisado.

        13

abrindo as pernas,

a mulher salta

da noite pro dia

e acorda o homem:

saco vazio.

        14

quem fui 

não sou

só sinto

não soo.

     15

seja você

não olhe o outro

deixe seu rastro

de vivo ou morto.

         16

juiz não julga

diante da lei

por bem ou mal:

onde seu ser?

        17

entre o grande

e o menor poeta

melhor calar.

leitor, aquieta.

        18

desfiz o que não fiz

faço o que sou

para encontrar-me

no que sempre quis.

         19

o grande poeta

tem um editor

o pequeno poeta

faz de conta

e o poeta bissexto

joga tudo no cesto

e não enche.

          20

havia flores em mim

tão ingênuo que eu era!

levaram-nas consigo

ficaram os espinhos...

e a fera.

          21

 eu falo

você fala

quem ouve

trescala.

          22

quem criou o homem

foi um deus perfeito,

e deu-lhe liberdade:

a imperfeição.

          23

quem criou Adão

colocou no Éden,

disse ser eterno

o homem,

o jardim, não.

        24

O impossível

não tem face

em jeito:

Está completo.

      25

Cada grão de areia:

versos meus de vida

amor e paz

alguém duvida?

       26

Areia branca

que pisei sem graça.

Ninguém dirá

se a cor é raça.

        27

Antes da aurora,

à queda fria da flor,

abelhas fogem.

       28

Uns olhos felinos

feriram meu coração

terroso de menino.

         29

Entre atritos

nasce o fogo

e o espírito se ferra.

         30

São dias vindos,

são dias idos..

Eternidade intriga.

          31

Voando sem asa?

Prazam os céus!

E livre-me a casa

e meu chapéu.

          32

Azul - o tapete onde piso,

de tão profundo,

invadiu minha alma.

            33

A lua me comove

e a minha tristeza

fica breve.

           34

Do que me ciciam,

pouco importa:

Abro a janela

e fecho a porta.

         35

Nuvem passageira,

pelo céu de anil,

sois como a vida

esquecida na noite

sem dia.

            36

Pra sair de casa,

vai velar um pobre

e ouvir benditos,

e chorar aos gritos...

Que amor mais torpe!

               37

Ela olhou com raiva,

e não senti dor.

 

 

Nossos olhos se comeram

nus. E o feitiço

pega, pega. Pegou.

         38

A pá

lavra

dores.

          39

Eu sou sim e não.

Ué, meu poeta

Que versos reversos!

 

          40

Onde meu pinto e ovo

viram tal Curral Novo?

Agora, nem velho... Morto.

me pintando salvo

E são

           41

Se não fosse o feio,

que seria do bonito?

- Proscrito!

          42

Sinos uníssonos

badalem dentro e fora

do meu céu azul,

quando abrir-me as asas...

         

             43

Soo pela música sem corda

           única.

E suo a última letra em aleggia

           púnica.

E sou, então poeta e poesia.

 

              44

Poema sem poesia

É uma pena!

Enferruja.

Fuja!

            45

Eu sem os outros

Não serei mito

Mas serei muito.

             46

Poema, explosão da alma,

      precisa de luz

         e de calma

          a flux.

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 *Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

 

 

 POEMAS SINTÉTICOS

  Francisco Miguel de Moura*

           1

um rosto sem gestos

torturando a alma

sem gosto nem fala 

onde o poeta expõe

 seu ser e seu trauma.

            2

versos de amor

terso de sim

ao mundo fundo

dos outros nãos

   de mim.

            3

greve nos céus

os anjos da guarda

aqui na terra

em escarcéus.

           4

a casca e o miolo

desamparados

havia flores

de ingenuidades

restaram espinhos

devoradores.

        

 

           5

amar, água corrente

gemendo na descida,

só querendo subir:

a quanto amor obriga!

            6

amor,

humor

colore a vida.

            7

violência

contra violência

não compensa

nem com pinça.

          8

meu ipê a/gosto

floresce e decora

aterra a tristeza

espera setembro.

           9

não sou o que vejo

nem o que me vês

na praça, no espelho:

somos noves-fora.

         10

chinela de mãe

dança na bunda

 do seu neném 

molhado em xixi

em choro afunda.

         11

morrer sonhando

entre verso e brinco,

varando o ar:

poeta ou menino?

         12

atrapalhando

atrás pulando

atravessando

perdeu o gol

saiu do time

descamisado.

        13

abrindo as pernas,

a mulher salta

da noite pro dia

e acorda o homem:

saco vazio.

        14

quem fui 

não sou

só sinto

não soo.

     15

seja você

não olhe o outro

deixe seu rastro

de vivo ou morto.

         16

juiz não julga

diante da lei

por bem ou mal:

onde seu ser?

        17

entre o grande

e o menor poeta

melhor calar.

leitor, aquieta.

        18

desfiz o que não fiz

faço o que sou

para encontrar-me

no que sempre quis.

         19

o grande poeta

tem um editor

o pequeno poeta

faz de conta

e o poeta bissexto

joga tudo no cesto

e não enche.

          20

havia flores em mim

tão ingênuo que eu era!

levaram-nas consigo

ficaram os espinhos...

e a fera.

          21

 eu falo

você fala

quem ouve

trescala.

          22

quem criou o homem

foi um deus perfeito,

e deu-lhe liberdade:

a imperfeição.

          23

quem criou Adão

colocou no Éden,

disse ser eterno

o homem,

o jardim, não.

        24

O impossível

não tem face

em jeito:

Está completo.

      25

Cada grão de areia:

versos meus de vida

amor e paz

alguém duvida?

       26

Areia branca

que pisei sem graça.

Ninguém dirá

se a cor é raça.

        27

Antes da aurora,

à queda fria da flor,

abelhas fogem.

       28

Uns olhos felinos

feriram meu coração

terroso de menino.

         29

Entre atritos

nasce o fogo

e o espírito se ferra.

         30

São dias vindos,

são dias idos..

Eternidade intriga.

          31

Voando sem asa?

Prazam os céus!

E livre-me a casa

e meu chapéu.

          32

Azul - o tapete onde piso,

de tão profundo,

invadiu minha alma.

            33

A lua me comove

e a minha tristeza

fica breve.

           34

Do que me ciciam,

pouco importa:

Abro a janela

e fecho a porta.

         35

Nuvem passageira,

pelo céu de anil,

sois como a vida

esquecida na noite

sem dia.

            36

Pra sair de casa,

vai velar um pobre

e ouvir benditos,

e chorar aos gritos...

Que amor mais torpe!

               37

Ela olhou com raiva,

e não senti dor.

 

 

Nossos olhos se comeram

nus. E o feitiço

pega, pega. Pegou.

         38

A pá

lavra

dores.

          39

Eu sou sim e não.

Ué, meu poeta

Que versos reversos!

 

          40

Onde meu pinto e ovo

viram tal Curral Novo?

Agora, nem velho... Morto.

me pintando salvo

E são

           41

Se não fosse o feio,

que seria do bonito?

- Proscrito!

          42

Sinos uníssonos

badalem dentro e fora

do meu céu azul,

quando abrir-me as asas...

         

             43

Soo pela música sem corda

           única.

E suo a última letra em aleggia

           púnica.

E sou, então poeta e poesia.

 

              44

Poema sem poesia

É uma pena!

Enferruja.

Fuja!

            45

Eu sem os outros

Não serei mito

Mas serei muito.

             46

Poema, explosão da alma,

      precisa de luz

         e de calma

          a flux.

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 *Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

 

 

 POEMAS SINTÉTICOS

  Francisco Miguel de Moura*

           1

um rosto sem gestos

torturando a alma

sem gosto nem fala 

onde o poeta expõe

 seu ser e seu trauma.

            2

versos de amor

terso de sim

ao mundo fundo

dos outros nãos

   de mim.

            3

greve nos céus

os anjos da guarda

aqui na terra

em escarcéus.

           4

a casca e o miolo

desamparados

havia flores

de ingenuidades

restaram espinhos

devoradores.

        

 

           5

amar, água corrente

gemendo na descida,

só querendo subir:

a quanto amor obriga!

            6

amor,

humor

colore a vida.

            7

violência

contra violência

não compensa

nem com pinça.

          8

meu ipê a/gosto

floresce e decora

aterra a tristeza

espera setembro.

           9

não sou o que vejo

nem o que me vês

na praça, no espelho:

somos noves-fora.

         10

chinela de mãe

dança na bunda

 do seu neném 

molhado em xixi

em choro afunda.

         11

morrer sonhando

entre verso e brinco,

varando o ar:

poeta ou menino?

         12

atrapalhando

atrás pulando

atravessando

perdeu o gol

saiu do time

descamisado.

        13

abrindo as pernas,

a mulher salta

da noite pro dia

e acorda o homem:

saco vazio.

        14

quem fui 

não sou

só sinto

não soo.

     15

seja você

não olhe o outro

deixe seu rastro

de vivo ou morto.

         16

juiz não julga

diante da lei

por bem ou mal:

onde seu ser?

        17

entre o grande

e o menor poeta

melhor calar.

leitor, aquieta.

        18

desfiz o que não fiz

faço o que sou

para encontrar-me

no que sempre quis.

         19

o grande poeta

tem um editor

o pequeno poeta

faz de conta

e o poeta bissexto

joga tudo no cesto

e não enche.

          20

havia flores em mim

tão ingênuo que eu era!

levaram-nas consigo

ficaram os espinhos...

e a fera.

          21

 eu falo

você fala

quem ouve

trescala.

          22

quem criou o homem

foi um deus perfeito,

e deu-lhe liberdade:

a imperfeição.

          23

quem criou Adão

colocou no Éden,

disse ser eterno

o homem,

o jardim, não.

        24

O impossível

não tem face

em jeito:

Está completo.

      25

Cada grão de areia:

versos meus de vida

amor e paz

alguém duvida?

       26

Areia branca

que pisei sem graça.

Ninguém dirá

se a cor é raça.

        27

Antes da aurora,

à queda fria da flor,

abelhas fogem.

       28

Uns olhos felinos

feriram meu coração

terroso de menino.

         29

Entre atritos

nasce o fogo

e o espírito se ferra.

         30

São dias vindos,

são dias idos..

Eternidade intriga.

          31

Voando sem asa?

Prazam os céus!

E livre-me a casa

e meu chapéu.

          32

Azul - o tapete onde piso,

de tão profundo,

invadiu minha alma.

            33

A lua me comove

e a minha tristeza

fica breve.

           34

Do que me ciciam,

pouco importa:

Abro a janela

e fecho a porta.

         35

Nuvem passageira,

pelo céu de anil,

sois como a vida

esquecida na noite

sem dia.

            36

Pra sair de casa,

vai velar um pobre

e ouvir benditos,

e chorar aos gritos...

Que amor mais torpe!

               37

Ela olhou com raiva,

e não senti dor.

 

 

Nossos olhos se comeram

nus. E o feitiço

pega, pega. Pegou.

         38

A pá

lavra

dores.

          39

Eu sou sim e não.

Ué, meu poeta

Que versos reversos!

 

          40

Onde meu pinto e ovo

viram tal Curral Novo?

Agora, nem velho... Morto.

me pintando salvo

E são

           41

Se não fosse o feio,

que seria do bonito?

- Proscrito!

          42

Sinos uníssonos

badalem dentro e fora

do meu céu azul,

quando abrir-me as asas...

         

             43

Soo pela música sem corda

           única.

E suo a última letra em aleggia

           púnica.

E sou, então poeta e poesia.

 

              44

Poema sem poesia

É uma pena!

Enferruja.

Fuja!

            45

Eu sem os outros

Não serei mito

Mas serei muito.

             46

Poema, explosão da alma,

      precisa de luz

         e de calma

          a flux.

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 *Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

 

 

 

  Francisco Miguel de Moura*

           1

um rosto sem gestos

torturando a alma

sem gosto nem fala 

onde o poeta expõe

 seu ser e seu trauma.

            2

versos de amor

terso de sim

ao mundo fundo

dos outros nãos

   de mim.

            3

greve nos céus

os anjos da guarda

aqui na terra

em escarcéus.

           4

a casca e o miolo

desamparados

havia flores

de ingenuidades

restaram espinhos

devoradores.

        

 

           5

amar, água corrente

gemendo na descida,

só querendo subir:

a quanto amor obriga!

            6

amor,

humor

colore a vida.

            7

violência

contra violência

não compensa

nem com pinça.

          8

meu ipê a/gosto

floresce e decora

aterra a tristeza

espera setembro.

           9

não sou o que vejo

nem o que me vês

na praça, no espelho:

somos noves-fora.

         10

chinela de mãe

dança na bunda

 do seu neném 

molhado em xixi

em choro afunda.

         11

morrer sonhando

entre verso e brinco,

varando o ar:

poeta ou menino?

         12

atrapalhando

atrás pulando

atravessando

perdeu o gol

saiu do time

descamisado.

        13

abrindo as pernas,

a mulher salta

da noite pro dia

e acorda o homem:

saco vazio.

        14

quem fui 

não sou

só sinto

não soo.

     15

seja você

não olhe o outro

deixe seu rastro

de vivo ou morto.

         16

juiz não julga

diante da lei

por bem ou mal:

onde seu ser?

        17

entre o grande

e o menor poeta

melhor calar.

leitor, aquieta.

        18

desfiz o que não fiz

faço o que sou

para encontrar-me

no que sempre quis.

         19

o grande poeta

tem um editor

o pequeno poeta

faz de conta

e o poeta bissexto

joga tudo no cesto

e não enche.

          20

havia flores em mim

tão ingênuo que eu era!

levaram-nas consigo

ficaram os espinhos...

e a fera.

          21

 eu falo

você fala

quem ouve

trescala.

          22

quem criou o homem

foi um deus perfeito,

e deu-lhe liberdade:

a imperfeição.

          23

quem criou Adão

colocou no Éden,

disse ser eterno

o homem,

o jardim, não.

        24

O impossível

não tem face

em jeito:

Está completo.

      25

Cada grão de areia:

versos meus de vida

amor e paz

alguém duvida?

       26

Areia branca

que pisei sem graça.

Ninguém dirá

se a cor é raça.

        27

Antes da aurora,

à queda fria da flor,

abelhas fogem.

       28

Uns olhos felinos

feriram meu coração

terroso de menino.

         29

Entre atritos

nasce o fogo

e o espírito se ferra.

         30

São dias vindos,

são dias idos..

Eternidade intriga.

          31

Voando sem asa?

Prazam os céus!

E livre-me a casa

e meu chapéu.

          32

Azul - o tapete onde piso,

de tão profundo,

invadiu minha alma.

            33

A lua me comove

e a minha tristeza

fica breve.

           34

Do que me ciciam,

pouco importa:

Abro a janela

e fecho a porta.

         35

Nuvem passageira,

pelo céu de anil,

sois como a vida

esquecida na noite

sem dia.

            36

Pra sair de casa,

vai velar um pobre

e ouvir benditos,

e chorar aos gritos...

Que amor mais torpe!

               37

Ela olhou com raiva,

e não senti dor.

 

 

Nossos olhos se comeram

nus. E o feitiço

pega, pega. Pegou.

         38

A pá

lavra

dores.

          39

Eu sou sim e não.

Ué, meu poeta

Que versos reversos!

 

          40

Onde meu pinto e ovo

viram tal Curral Novo?

Agora, nem velho... Morto.

me pintando salvo

E são

           41

Se não fosse o feio,

que seria do bonito?

- Proscrito!

          42

Sinos uníssonos

badalem dentro e fora

do meu céu azul,

quando abrir-me as asas...

         

             43

Soo pela música sem corda

           única.

E suo a última letra em aleggia

           púnica.

E sou, então poeta e poesia.

 

              44

Poema sem poesia

É uma pena!

Enferruja.

Fuja!

            45

Eu sem os outros

Não serei mito

Mas serei muito.

             46

Poema, explosão da alma,

      precisa de luz

         e de calma

          a flux.

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 *Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

 

 

 

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