segunda-feira, 22 de maio de 2017

A MORTA APAIXONADA - Paródia

(Paródia a “Budismo Moderno”,
de Augusto dos Anjos)

         Paródia de Francisco Miguel de Moura

Tome, poeta, um canivete e corte
minha apaixonadíssima pessoa.
A mim, que importa que ele fure à toa
toda minha alma podre, após a morte?

Nem urubu eu tive por consorte!
Também, na vida, os vermes da lagoa
roeram tudo. Oh, bicharada boa!
E ainda alguém me disse: “Tu és forte!”

Forte é a puta que o pariu, oh vida!
Amor, veja, não tenho outra saída,
senão beber do cálice profundo.

Depois, pensar que ainda tens saudade
de mim, que fui essa monstruosidade
dos versos teus, quando vivi no mundo.

______________________________________________________________
Francisco Miguel de Moura, escritor, membro da Academia Piauiense de Letras. E-mail: franciscomigueldemoura@gmail.com


Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...