sexta-feira, 17 de dezembro de 2021


VAIVÉNS: TEMPO E AMOR

                       

            Francisco Miguel de Moura*

 

O que faria não fez 

com o faro do passado.

                       

O futuro não lhe diz nada:

Voa como o vento em serrania.

E passa, e nunca é passado

e leva e lava a gente

na poeira dos olhos,

nas juras negadas.

 

Tento ser luz aquela luz

que teus olhos me entregaram.

Em vão proclamo:

- Luz, me acende! Ou me cega de vez!

E ela se apaga, deixando-me ver tão só

o único caminho do tempo em naufrágio.

                      

Nego o amor, aquele amor que morde,

que afogaria os afagos desejados

sem colheita sequer

da volta de um olhar

de fogo que seja:

 

-Quero morrer abrasado.

 

______________

*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...