quarta-feira, 7 de junho de 2023

 


DE AREIA A LOBO

 

        Francisco Miguel de Moura*

 

De cada grão de areia

Cacei versos sem par.

 Palavra não faltou

nem engoli meu ar.

Sem a intransigência

do lobo lá da estepe,

correndo contra a fome,

sem caça a ser caçada

 unhando a própria pele

para beber-se a si

ao corpo a se sangrar

qual um rio torto

duro de dor, a secar,

bebendo areia e vento,

sem chuva, sem palmas

morrendo pedra e dor

esbravejando o vento

ao avistar a praia

onde não vai deitar.

Esse lobo é o homem,

perdido na floresta,

sem ter o que caçar.

_____________

*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro, mora em Teresina-PI

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