quinta-feira, 15 de junho de 2023

 


UM PESADELO

       Francisco Miguel de Moura*

 

Não sei se em mim nasci

insosso como quem não vê,

se tenho a cara encolhida

e estes olhos de sapo

numa dor seca e vil,

sem água nem chão.

Sem nenhum amigo,

sem me entristecer

do início ao além

do chão que não piso,

sem suor nem sangue.

Sem sinal de volta,

como estou perdido!

Bicho? Talvez triste,

não choro com lágrimas.

Fiz um trato comigo:

- Ficar reto e vivo

com um ventre sem dogmas,

neste avesso escandido.

_____

*Francisco Miguel de Moura, poeta.

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