quinta-feira, 9 de novembro de 2023

 


         CURRAL NOVO -TROVAS

             

        Francisco Miguel de Moura*

 

Numa viagem que fiz

Ao centro de meu torrão,

Confesso fui infeliz

Por causa da emoção.

 

Já escrevi verso e prosa,

E não escuto o riacho

Chamado de “Tia Rosa”,

Que no inverno era macho.

 

Digo sim, quando chovia,

A noite era mais formosa,

Aquela música eu ouvia

Do “Riacho de Tia Rosa”.

 

Curral Novo, Curral Novo,

Curralinho é que não és,

Do meu tempo inda no ovo,

Depois, com o chão nos pés.

 

Fugi e vim pra rever,

E você não vi nem vejo

Riacho e casa vim ver

Caminho, lajeiro e brejo.

 

Lembrava...Quando menino,

Atravessando...  Oh! Au! Au!

Apostava meu destino

No meu cavalo de pau.

 

Vim ver e nada não vejo.

Pra onde foi que fugiu

Vim vê-lo, mas meu desejo

De todo mesmo sumiu.

 

Sei que com você vivi.

Por isto é que fico triste.

Eu existo. E percebi

Que aqui nada mais existe.

 

Reencontro? Mal insisto

Pra dizer que não me abalo,

De pé, e ainda despisto

Montando noutro cavalo.

 

Que esta trova ligeira,

Vai e vem, marcha sem vau

Como na marcha primeira

Do meu cavalo de pau.

 

Adeus! Digo sem chorar,

Que o choro é uma coisa triste.

Pois nada vele pensar

Que o que existiu inda existe.

____________

*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro,

cantando a terrinha onde primeiro pôs os pés

no chão.

 

 

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