VAIVÉNS: TEMPO E AMOR
Francisco Miguel de Moura
1
O que eu faria não fiz
pelas linhas do passado,
torcendo as sinuosidades.
O futuro não me diz:
Voa com mil e tantas asas,
e passa e trespassa
e lava levemente a gente
da poeira dos olhos,
das juras renegadas.
Vivo a esquecer
os passos indistintos dos serões.
2
Tento ser luz, aquela luz
mais forte
que os teus olhos me
entregaram
em vão, por tua ausência
prolongada:
Luz, me acende! Não me cegues
de vez!
E ela se apaga, deixando-me ir
tão só
pelo único caminho do naufrágio.
3
Nego o amor, aquele que me nega
em mil e um avisos de voz
louca
enrouquecida: as paredes falam.
Afogarei entre guizos
invisíveis
de
portas sem reparos.
No instante do pecado
luminoso
os olhares se afogaram par em
par.
E eu, morto, me arrependo
e
resisto me abrasar.
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*Francisco Miguel de
Moura, poeta brasileiro.
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