quinta-feira, 11 de agosto de 2022

 


CONFESSO QUE SOU TRISTE

                Francisco Miguel de Moura*

De tristezas sem motivo
Que me chegam ao pelo, pelo vento, 
Como a todos numa terra triste,
Entre risadas, chistes desmazelos.

As almas se enrugam e envilecem
Na ferrugem das horas e lavras
Que inocentemente o relógio 
Canta, decanta...E descarta.

Tristeza - “condition humaine”,
Carência de pintinho na chuva, 
Ao pé da cerca, em tremor de frio.

Busco a galinha como o pinto
No seu choroso tititi...
A minha é bem mais penas:
Descanso que se cansa,
Alegria que entristece,
Sonhos anoitecidos sem paixão
(onde morremos - seus pesadelos).

E, no último suspiro, o abraço de Deus
E o desencanto do conto que passou.

__________

*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro.

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